Escrito por Gustavo Lorenzon
Contra-Molécula
2020 foi um ano brutal.
Não há quem tenha passado ileso por ele.
Os estragos da pandemia são reais, palpáveis e estão em toda parte. Mas uma questão que me incomoda sobremaneira é a banalização da morte. Nada afasta meu pensamento da ideia de que a perda maior que se pode sofrer seja tratada da forma leviana como tem sido.
Um número, um índice, um argumento político.
A empatia é talvez um dos exercícios mais árduos a que nós tenhamos que nos submeter na vida. Assim como parece lógico e automático enxergarmos o mundo através dos nossos olhos, a aparente artificialidade de colocar-se na pele de outro é a única forma de compreendermos a vida de forma mais ampla e real.
Pensei numa forma de contribuir positivamente nestes tempos. Algo que pudesse ser um objeto de prazer, de reflexão e auxílio.
Que envolvesse outras pessoas. Que fosse uma ação solidária, mas não solitária.
Em reação ao magnetismo estético do vírus, como um movimento oposto à sua força destrutiva, nasceu o Contra-Molécula.
Um doce composto por inúmeras partículas de sabores. Alguns em combinação simples e direta. Outros tão dispares e antagônicos cuja aceitação é muito mais do que um exercício de paladar.
É sobre observar que a convivência das diferenças pode existir como exercício de gentilezas. É sobre praticar a empatia. Colocar-se em outro lugar, permitir-se outra visão, aprender. E mesmo que não seja possível compreender, exercitar o respeito pela existência.
Uma ação beneficente em que os clientes ajudaram a escolher a entidade beneficiada e 100% da renda foi doada.
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